Paletas

sábado, 7 de novembro de 2009

FILOSOFIA DA SEDE

Os fogos de artifício cortavam o céu como em começo de ano. A bateria, com seus pandeiros, tamborins e zabumbas batucava o ritmo do famigerado carnaval das terras de Santa Cruz. Sem contar as toneladas de papeizinhos coloridos picotados caídos em forma de chuva junto com as serpentinas estiradas no chão, tudo esparramado na bela baía da Guanabara. Na areia, misturada com confetes e camisinhas, muita latinha vazia. Foi tudo bem à brasileira: uma festança desprogramada, onde não faltou a demasia nas cores e a cerveja gelada.

Este era o cenário de uma sexta-feira ensolarada no Rio de Janeiro. Dia que deveria ser comum se não fosse a espera do anúncio da sede das Olimpíadas de 2016. A Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil, aproveitou de sua fama, canditatou-se e foi eleita assim, também bem à moda de nosso povo: numa disputa sofrida e acirrada com Madrid. Mas por totais méritos nossos em belezas em paisagismo, teremos a honra de fazer inveja e dizer que “teremos os olhos do mundo voltados para nós”.

Afinal, por aqui pisarão os pés mais rápidos, nadarão os corpos mais hidrodinâmicos e atuarão as pessoas que se inspiram neste evento que vem lá dos cantos e tempos da Grécia antiga. Só que, como brasileiros de carteirinha, primeiro aproveitamos as coisas boas da vida e, depois, quando não tiver mais bonança, bancamos o lado ruim da história.

É difícil de entender que para tudo se tem um preço. Inclusive um custo para fazer a Cidade Maravilhosa ainda mais cheia de encantos mil. Há quem diz que os gastos em infra-estrutura não serão problema. Eu também falaria o mesmo, caso meu ganha pão estivesse garantido na casa dos vários mil ou, em outros casos, nos milhões de reais. Não é assim não. A renda dos festeiros é bem à brasileira e terá de nos servir de suporte para termos a honra de ver Phelps, Bolt e família.

Daí, um minuto de reflexão não será muito para descobrir o porque daquele alarde em plena sexta-feira na baía da Guanabara, regada à muita festa e cerveja. Pela inconsequência? Que nada! Doerá no bolso, então é beber e festejar para tentar fingir que o Rio de Janeiro ficará ainda mais repleto de encantos mil assim do nosso jeito, sem tristezas e num piscar de olhos. Um brinde!

4 comentários:

Juliana Bragança disse...

meu! mto bom seu texto! serio mesmo! foi um dos q eu mais gostei!
parabens richaps!
bjos

Claudio disse...

meu! mto bom seu texto! serio mesmo! foi um dos q eu mais gostei!
parabens richaps!
bjos [2]

Ronaldo Saragoca disse...

meu! mto bom seu texto! serio mesmo! foi um dos q eu mais gostei!
parabens richaps!
bjos [3]

Joao Gouvea e Carol Janini disse...

meu! mto bom seu texto! serio mesmo! foi um dos q eu mais gostei!
parabens richaps!
bjos [4]