A cada discurso, Lula pouco gagueja, prende as atenções com sua voz roufenha e, por fim, coroa todo seu castelo de cartas com uma analogia. E olha que não foram poucas as comparações nas quais se aventurou o presidente petista. Mas como bom brasileiro que é, a predileção da maior autoridade do país não podia ser outra coisa senão o futebol.
Luiz Ignácio Lula da Silva, antes de brasileiro, é corinthiano roxo. Acontece que nem por estar em discussões políticas o ícone do PT marginaliza o esporte corrente em suas veias. Há uns dias atrás, depois de uma briga entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o membro da Corte, Joaquim Barbosa, durante uma sessão em que estava em pauta os benefícios da Previdência do Paraná, Lula pitacou: “À primeira vista, fica difícil ver alguma semelhança entre um bate-boca em reuniões deste porte e uma partida de futebol”.
No entanto, só mesmo à primeira vista, pois, caprichosamente, Lula, no seu brilhantismo de bom conhecedor de futebol, extraiu do fato ocorrido nas cadeiras do plenário as coincidências entre os leros de político e uma pelada. Soltou, então, “curta e grossamente” a seguinte pérola: “Se não fosse assim não existiria mais futebol, porque tem briga em campo de futebol todo santo dia”. Bem poética a manifestação do Exmo. Sr. Presidente sobre a honrosa briga entre dois ministros da mais alta Corte do País, não? Ele é assim. E graças a essa sua capacidade de sintetização, Lula fala a língua do povo: cachaça, mulher e futebol (não necessariamente nessa ordem).
Caso pensarmos bem, o cacoete do barbudo, que hoje se enfia num terno furado pelo boton da bandeira do Brasil, sempre torna-se pertinente quando relaciona pelada com o jogo político. Vários homens uniformizados correm atrás das “bolas”: umas que rolam pelos gramados e outras por fora. Existem torcidas para todas as cores. Juízes? Lá e cá. A diferença, contudo, é que aqui são os jogadores que brigam com os juízes, que são xingados pela torcida, enquanto lá, são juízes que brigam entre si, socando o fígado da torcida. Daí a razão pela qual aplaudo, alucinadamente, o maior artilheiro dos últimos tempos: Lula, o nosso presidente! (tá aprendendendo com Ronaldo, hein?)
Um comentário:
Muito bom, Chapola, seu texto está cada vez melhor. Parabéns.
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