Crônica publicada no dia 19 de Abril de 2009 no jornal Já!.O que seria da Páscoa se não fosse o chocolate… É óbvio que não se deve esquecer dos outros tantos motivos para se comemorar a data, tempo também de oração – aos simpatizantes da religião – ou, pelo menos, de respeito daqueles pouco menos beatos. Enfim, apesar destes rodeios, o chocolate, ao contrário, é símbolo universal, independente da crença, idade ou sexo.
Por esta razão, a demanda pelos queridos ovos de chocolate nas vésperas da Páscoa chega à casa dos milhares. Talvez atinja números mais estratosféricos, mesmo com a alta dos preços destas iguarias da época. Sim, o encarecimento também bateu nas portas dos coelhinhos da Páscoa, que juravam sair isentos desta onda inflacionária generalizada. Mera ilusão!
O fato de os valores desagradarem os consumidores – sentindo agulhadas atrozes no bolso –não os levam a deixar de presentear os filhos. Se o salário é curto e foi quase todo gasto com as despesas da casa, alguns reais são salvos para nutrir a magia desta data nos olhos das crianças. E pensa que é fácil administrar os R$465,00 conquistados na base de muita luta? Devem ser quitadas as contas de água, luz e outra pancada de impostos; comprada a comida e outros mantimentos e colocar o chocolate na lista.
Uma tristeza junto a qual convive o trabalhador brasileiro na sua rotina de labutar muito e receber pouco. Todavia, dos palacetes federais, onde as bocas são saciadas por chocolate suiço, correu a notícia de um suposto aumento do salário mínimo em 2010. Agora, R$506,50 é a quantia acertada para pôr fim à insatisfação, pois se trata de um valor suficiente para se viver bem, na concepção do governo. Decerto, com este aumento significativo no salário, os pais, com uma folga financeira dessas, comprarão um simples ovinho de alguns gramas para saciar uma porção de filhos. É a Páscoa de R$41,50!
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