Paletas

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ELISANJOS

Crônica publicada dia 18 de janeiro de 2009 no jornal Já!
(Ilustração por Felipe Blanco)


Lá na Zona Leste jazia um edifício batizado de Elisa Sbrissa Franchozza, pouquíssimo conhecido por tal nome. As verdadeiras marcas que o fazem reconhecível aos olhos de quem passa são os arcos de metal, suspensos, sustentadores de uma meia abóbada azul. Para os mais curiosos, bastavam mais alguns passos em direção ao defunto para ver estampado em sua face: HOSPITAL.


Falecido uns dias atrás, sua cor já empalidecia e as portas quase nem abriam. As janelas rangiam a música do abandono. De fato, ali repousava uma fúnebre carcaça. Não diferente quando de luto, as orações não faltavam. Mas lá pelas tantas preces em busca de um socorro, os santos milagreiros enfim decidiram dar-lhe a mão. Por ora, ali padecido, inesperados suspiros de vida germinaram antes mesmo que as lágrimas dos amigos de Elisa tocassem o chão. Corou-se então a fachada ao ritmo da passagem do ar puro pelos corredores despovoados.


A circulação restabeleceu-se. O fluxo de pessoas, aumentando gradativamente, não tardaria para sair da pachorra e alcançar o frenesi. Ressuscitado, portanto, o hospital, morto pelo desprezo, firmou-se para não desmoronar em ruínas sombrias de um outro falecimento. Resistente, aguardou o empurrão divino para se guarnecer e dar saúde a quem o procurar. De certo, dos grotões escuros da morte, levantou-se Elisa Sbrissa Franchozza, responsável por atrelar seus amigos da Zona Leste de Araras ao bem viver, com maior disponibilidade às assistências médicas. Tudo isso para que essa gente não tenha um fim quase tido por aquele esqueleto de cimento e aço, jogado às traças do esquecimento, no cárcere da perdição. Evoé, Eliza!

5 comentários:

Moacyr Junior disse...

eaeee beto!!

manoo, muito boa a cronica!! você escreve demais!! sou muito fã do que você escreve!1

é nóis betão!

abraço

Leticia Vieira disse...

Ricarrrrrdo
adoreiii a crônica tambémmm
faço minhas as palavras do Junior...
Sempre muito bom ler o que você escreve!
bjaooo

Anônimo disse...

Meu querido,
Tenho passado aqui SEMPRE. Nunca me esqueço de vocês <3

Não comento mas não é por mal, Ricardo... Vou dizer que gosto? Tu sabes.
Que adoro a forma como escreves? Tu sabes.
Que tenho saudades? Também sabes.

Certo é que eu acho que estás cada vez melhor. O projecto não seguiu em frente... não houve verbas para poder continuar. =( Mas cá estamos para seguir em frente e inventr qualquer coisa nova!

Ps: todos os dias sonho ou penso no meu Brasiuu e no que vivi aí. Nos momentos mais insignificantes que fizeram toda a experiência valer a pena.

Adoro-te Ricardinhoo, adoro meesmo Principe*
Ass: Maria Inês

Fábio P. Giraldini disse...

Nossa, essa é da pesada! Linguagem que faz para um tema 'normal' uma bomba... Você escreve com muita qualidade, parabéns mesmo! Abraço.

Luiz disse...

Ricardo,

Pode mandar bala, aqui:

lchneto@gmail.com


Abração