Paletas

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

GUERRAS RELIGIOSAS

Crônica publicada no dia 11 de Janeiro de 2009 no jornal Já!.
(Charge por Felipe Blanco)



Do solo arenoso de Gaza brotam sangue e dor. No chão, afogam-se os corpos em choro e um mar vermelho se espalha pela faixa mais conhecida atualmente. Quem dera fosse uma briga recente! Mas, não. A discórdia entre israelenses – os judeus – e palestinos (árabes) já ultrapassa um século. O motivo? Alguns tantos de metros quadrados de terra. Eis a razão da sangueira toda.


Uma herança mal dividida entre as partes que sempre brigaram pelo que acreditavam merecer. Os judeus, durante o sionismo do século XIX, lutavam para adquirir a Palestina, e os árabes (ali já instalados com grande identidade nacional) lutavam para não a perderem. Sem contar também com as disparidades religiosas, que não são poucas. Mas o pretexto é a terra – só para acalmar os ânimos dos críticos, para que não matutem inúmeras conspirações. O pior tem sido a ação inescrupulosa tomada pelos dois povos. Para quem achava que a questão já estava resolvida com o selo do acordo, de 1993, feito entre Rabin e Yasser Arafat, frente aos olhos do até então presidente dos EUA, Bill Clynton, e do mundo, enganou-se.


Foi pura dramaturgia. Muitos acreditaram na paz a partir daquele feito, que hoje se mostra pura lorota: a paz nunca esteve por lá. E enquanto o câncer da guerra em Gaza não for extirpado, inocentes pagarão com a própria vida uma dívida que se saldaria mediante um simples diálogo diplomático.


Sem conversa, o fim de uma peça sempre será o início da outra, todas cruentas. O enredo é “Danem-se as crianças, os idosos, as mulheres, enfim, os civis”. Todos são meros figurantes num palco repleto de horror. Mísseis colorem os céus, acinzentando-os de tristeza. O filho morto, amparado nos braços, transforma o desespero em ira. Viram sinestesia. Quando termina? Sabe-se lá. Uma coisa é certa: enquanto cada metro de terra não for entregue ao gosto dos manifestantes, as lagartas dos tanques funcionarão como um misturador de areia e sangue, ossos e ódios, rezas e pragas. Judeus e árabes não são religionários da mesma religião, embora filhos de um mesmo Deus.

Um comentário:

Unknown disse...

Realmente essa é uma guerra de viganças, as pessoas não sabem mais nem ao certo o porque dos conflitos, se algum dia for acordada a paz as pessoas perderão o sentido da existencia tão acostumada a lutar...
Adorei seu texto!!