Paletas

quarta-feira, 30 de junho de 2010

CLIMA

É inverno, mas não se vê frio por aí. Pelo contrário, a verdade é que o clima teima em não querer seguir os padrões naturais das estações. Ao invés disso, prefere meter os pés pelas mãos e nos esquenta mesmo assim enquanto precisaríamos estar na caça de calor nas cobertas, nas fogueiras e no chocolate quente.



Não vou mentir que também tentei botar toda a culpa (concordo que injustamente) no aquecimento global, tudo por puro comodismo, eu sei. Julguei mal e até peço desculpas à vítima que fiz só por levar em conta sua fama de vilã e protagonista em quase todos os rebuliços climáticos que nos perturbam hoje. Foi mal aí!


Em Copa do Mundo o Brasil fica mais tropical, mais verde e mais amarelo. Na Copa, são as férias do aquecimento global, até porque todos esquecem dele por algum tempo, daí ele se manda. Nos dias de sua ausência, o evento toma as rédeas do cargo de emanar todo esse calor mesmo que estejamos, tecnicamente, em dias, via de regra gelados.


Fora o estado febril com o qual ela nos presenteia, a Copa do Mundo provoca uma frenesi carnavalesca tão atípica quanto manga cavada em Julho. Faz o brasileiro se enfeitar, ter a bandeira no trajar, o samba no falar e amor pelo futebol no olhar, independente de quem seja. O povo lota as cadeiras dos bares na mesma rapidez que as engrenagens do País param a fim de ver os canários em campo. Canários que sempre (en)cantaram com um futebol dançado, cujo molejo colocava qualquer um na roda de samba. Chegava não ser nem só futebol, parecia arte, algo esteticamente belo e diferente, sem falar da irreverência. Foi só o que bastou para encher as cadeiras dos bares, a milonga da espera de um espetáculo.


Infelizmente os canários pouco nos maravilharam. Pareciam mais um bando de pardaizinhos de praça, que mal cantam, só piam e que também nem sequer mostram beleza. Os torcedores cumprem seu o papel ocupando todas as vagas dos bares, com ou sem show da seleção, empurrando o time, regados à cervejinha e pastel, a especialidade da casa.


Clima de Copa, sem falar no calor invernal, traz descontração. Apesar da saudade do famoso futebol brasileiro, a Copa do Mundo arrebanha de tudo um pouco nos barzinhos cheios das pessoas esperançosas por um lampejo de brilhantismo de Robinho, ou Kaká. À mesma mesa sentamos eu, um rapaz que me devia, mais dois gatunos chefes da empresa. Ao nosso lado, amantes, simpatizantes e ignorantes de futebol. Afetos e desafetos à parte, estávamos todos ali, aquecidos pela Copa à espera de um espétaculo que talvez pudesse nem vir. Que importava? Estávamos amparados pelo tropicalismo da Copa, tempo de muito verde, amarelo, bandeira no trajar, samba no falar e futebol no olhar, independente dos que dividiam conosco o pastel e a cerveja.

3 comentários:

Nina Vieira disse...

Aqui - em Salvador - o inverno chegou mais cedo e exatamente da maneira que deveria: frio, gélido. Fico embaixo das cobertas tomando café quente e lendo Saramago (que saudades, hein?), mas nos dias de chuva, ponho-me para fora e sem agasalho - nao há maior diversao.
Um beijo.

Juliana Bragança disse...

comprei uma bota nova, mas nem to usando direito! espero q o frio chegue logo pra poder usar mais! bjo

Anônimo disse...

Fiquei muito honrada com sua visita em meu blog. De verdade.

Adorei a reflexão que seu texto tomou. O clima realmente tem surpreendido a todos, e o pobre aquecimento global vem sendo o "culpado" de tudo.

Queria que as pessoas dedicassem o mesmo trabalho de se reunir a fim de discutir escalações de um time de futebol, para decidirem quem seria o melhor candidato político para o determinado cargo disputado.

Parece que só resta querer, mesmo.

Adorei o blog, estou seguindo.
Beijos!