Paletas

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

TROPEÇOS DE CADA DIA

Os tropeços fazem parte da rotina. São de dois tipos, para ser mais exato, caso reste dúvida de seu sentido: aqueles que se referem às frustrações e perdas da vida e, por outro lado, aqueles denotativos vulgarmente conhecidos por serem um belo de um resvalo inusitado em algum maldito desnível do lugar no qual se anda.


A despeito das ambiguidades do termo, você leitor se enxergará por aqui tropeçando de fato. Ele nos persegue diariamente. Pouco importa o seu humor, um cinematográfico cambaleio sempre está a espreita para ser flagrado e, muito provavelmente, irá melhorar o humor de quem o assistiu (quem nunca precisou disfarçar uma risada debochada depois do espetáculo, não é?).


São Paulo, a quinta maior cidade do mundo, tem um montão de gente. Na casa dos milhões. Não se precisa dominar a mestria em matemática para se notar que o número de pernas existentes na capital (pasmem, quem conta “pernas”?) atingirá por volta do dobro do número de habitantes. Por associação, o número de pernas propensas a momentos trôpegos é também bem grande. E aí você leitor conclui: “Então muita gente tropeça e fica nervosa, enquanto outras se regozijam em risos por terem visto a cena”.


Bem, leitor, você não está errado. Mas o motivo dos cálculos e deste último pensamento em cadeia eram o de mostrar a sua familiaridade com o tropeço. Familiaridade em cuja bagagem também vem, de brinde, a indiferença do hábito. Por questões de necessidade, as pernas não podem parar. Os embaraços com elas são, dessa forma, inevitáveis.


A gente esbarra nas latinhas, nas guias, nas calçadas esburacadas… Erra-se o degrau da escada, enrosca-se o pé nas cadeiras e, despretensiosamente, escutam-se risos e mais risos contidos. Você, o leitor que tropeça, fecha a cara e segue. De repente, cá está de novo quase abocanhando o chão e segurando para não soltar todos os palavrões que lhe vieram. Então pára. Risos? Não. Um homem, sem pernas para tropeçar, estende-lhe a mão dizendo: “Sinhô tem um trocado pra mi dá?”.

Um comentário:

Unknown disse...

Belissimo texto rickyyyy...jamais vou me esquecer da noite de ontem.....hauhauhauah zueera mano!!