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terça-feira, 31 de março de 2009

SÓ POR QUE É DASLU?

Crônica publicada no dia 29 de Março de 2009 no jornal Já!.




Em meio de tantos assuntos repletos de cifras, notas, valores e o escambal, Eliana Tranchesi é um componente indispensável. Nome notório em assuntos de requinte, Eliana é dona de uma das butiques mais refinadas de São Paulo. Só que a toda airosa empresária, em meados desta semana, tropicou e caiu de seu salto alto. Desde 2004, a nobre Daslu teve a Polícia Federal no seu encalço por suspeitar de indícios de alguns crimes por aí. Era formação de quadrilha, falsidade material e ideológica e lesão à ordem tributária… Afinal, quem nunca burlou, ao menos uma vez, o Estado?

Eis o motivo da queda da célebre Tranchesi. Correu da PF a passadas curtas, porém se desentendeu com seus tamancos que sairam do compasso da corrida. Depois de terem flagrado conversas de representantes da Daslu e a empresária do templo do luxo do Estado, as autoridades decidiram agir e derrubaram, com estas provas, a dondoca fujona.

Detida pela polícia – não por muitos guardas, porque não oferecia tanto perigo visto estar municiada de apenas alguns batons, espelho, estojo de maquiagem e escova –Eliana, um dos símbolos da elite, viu-se nas mesmas condições de um ladrão comum só que em trajes da última linha da moda francesa – além de carregar sua bolsa da Prada, sonegada não roubada.

Decretada, pois, os breves 94 anos de sua punição “vendo o sol nascer quadrado” das desconfortáveis camas de colchões rijos, os defensores de Tranchesi brigam para transportar o pagamento da pena ao seu aconchegante leito de lençóis de algodão. Sofrerá sim, por ter sido penalizada com quase um século de cárcere, no entanto viverá onde as paredes são de leite, e o chão de mel: no seu lar-doce-lar.

O motivo principal de todas essas tentativas giram em torno das patologias da empresária. Por ser vítima de câncer, os médicos confirmaram a delicadeza de seu estado de saúde e endossaram ainda mais os pedidos de cumprimento dos anos enjaulada no conforto da casa. Por mais horrendos os crimes cometidos pela dona da Daslu, a high society brasileira poderá despreocupar-se: o ícone da luxúria, seja até devassa, não dará o desgosto de representar toda a classe A do país em solo onde calçados lustrosos nunca pisaram.

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