Paletas

terça-feira, 3 de março de 2009

DO NINHO PARA O MUNDO


Crônica publicada no dia 1 de Março de 2009 no jornal Já!.

Esses dias minha filha mentiu para mim. De fato, quem nunca já tentou burlar os pais com aquelas histórias fantasiosas do tipo “O cachorro comeu”? Aliás – permitam-me denominar-lhes estórias – chegam a um grau de insanidade tão grande que, embora todas as mirabolâncias do conto, conseguem passar despercebidas pelos filtros da vítima. Sucedeu uma surra na pequena até chegar ao ponto de ela ser levada so hospital e eu ao Conselho Tutelar… MENTIRA! Viu como funciona?

Dessas histórias fúteis são extraídas (por mais paradoxal que seja) relevâncias. “Mentiras” soam como falcatruas infantis: invenções praticamente inconsequentes. Tão somente soam, mas não as são. Se seguirem ininterruptamente pelos devaneios apartados da luz da verdade cairão nos árduos resultados (de inúmeros gêneros, no entanto podendo ser graves) da insustentabilidade factual.

Qual o pai – e também me incluo neste rol – gostaria de descobrir o lado “Paula Oliveira” em sua filha? A brasileira residente nos cantos abastados do Velho Mundo, na Suiça, é hoje modelo daqueles que não aboliram a mentira da rotina, disse eu à pequena travessa. Quando sempre nutridas, “as faltas com a verdade” – eufemismo que tive a audácia de importar de Maluf, com licença – vão gradualmente atingindo proporções impensáveis. Paula fez a sua vez inventando a gravidez seguida de ter sido atacada por um grupo de neonazistas. No mínimo perturbada, a própria garota se flagelou para mostrar às autoridades as marcas do abuso.

Mentir a troco de quê? Se não com intenção de atrasar a polícia, Paula conseguiu o aspirado: em pouco tempo estampava páginas de vários periódicos. Mas como sua história teve dois lados – o PRÉ E PÓS mentira – sua fama estendeu-se em DOUBLE SENSE por todo o mundo, sem desobedecer a ordem dos fatos. De criações já bastam castelos, dinheiro público desviados para fins privados (que também dão origem à castelos) e ainda ter de aturar mais uma? – na realidade duas, uma de Paula e outra da filha. A origem de tudo isso? É do ninho: se não lapidado e concertado, outras “Paulas”  reinarão num futuro bem próximo. E haja fadas…

 

Um comentário:

Anônimo disse...

O mais estranho de tudo é que Paula Oliveira afirmou ter perdido um bebê, mas, para uma mulher que passou por um violento aborto induzido, ela até parecia bem de saúde! E repare numa coisa: apesar das marcas de seus agressores imaginários, não há qualquer ferimento em seu rosto. Um grupo de agressores no mínimo atacaria seu rosto, pois a cabeça é um dos pontos fracos!

Bom, desfeita a farsa, o chanceler Celso Amorim ainda teve o despeito de querer criar um incidente diplomático entre Brasil e Suíça. Esses são os nossos tristes anos lulistas, nos quais pensar virou crime e ter senso crítico é ter mau costume. E ainda com 80% de aprovação...