Paletas

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

DOIS PARA MIM, UM PARA VOCÊ

Crônica publicada no dia 15 de Fevereiro no jornal Já!.





Deixar de falar em crise econômica mundial – admitamos – se mostra a cada dia mais difícil. Afinal, os trabalhadores sentem no bolso consequências agudas da faminta bocarra da falência. Nós brasileiros, confortados pelo discurso descontraído de nosso adorado presidente, ficamos à mercê de uma onda de dizeres cuja finalidade é de atenuar um clima de insegurança que aflige toda a população. Daí a história do “Os reflexos da crise virão como uma marola para nosso país”… Está mais para uma mini-tsunami não, senhor Lula?

Dias anteriores, a GM – General Motors, empresa automobilística americana – colocou nada mais, nada menos que 10 mil funcionários na amarga sarjeta do desemprego. Um número demasiadamente  alto para aquela nação assegurada como incólume dos efeitos do abalo financeiro mundial. É, as previsões presidenciais não consolidaram e talvez por isso o bondoso – refiramo-nos como sagaz – Luiz Inácio tenha colaborado no forjamento de ampliação do seguro-desemprego aos recém-demitidos.

Se já postos no olho da rua, por que não um consolo? Lamentável o mar de gente despojadas de seus ofícios; restaria dizer o quanto ajudaria este aumento do seguro. Dependesse dos aumentos promulgados pelo Estado (assim como aqueles míseros percentuais adicionados no salário mínimo) o mesmo oceano de pessoas dispensadas  sofreriam com as doloridas chibatadas da necessidade.

Disse Guilherme Fiuzza (colunista da revista Época): “Está parecendo aquela piada da queda do avião num cemitério português: a busca por corpos nunca mais que acaba” – aludindo ao fato de ser assunto corriqueiro em meio à crise. De fato, Fiuzza está certo, entretanto há de se contestar contra manobras injustas de um governo que tira de um povo carente o ganha pão para empanturrar os próprios bolsos já majestosamente saciados.

2 comentários:

Mayara Maluceli disse...

Poxa, rich, tu é um genio com as palavras mermo :T aff chega dá desgosto. é muita injustiça! brincadeira
mas, ah, e pensar que essa crise será estudada por nossos filhos. Guarda tudo isso que tu escreve, são historias pra serem contadas.

Marcio dos Anjos disse...

"Socializa-se o prejuízo e privatiza-se o lucro", disse o mestre Clovis Róssi, na Folha.
Mais do que isso, como você aponta no texto, é que quem paga pelo prejuízo são os que não devem e nem podem pagar.
Outra vez, a injustiça.

O blog está ótimo e os textos, idem. Parabéns.

PS.: Quanto às fotos, aceito sugestões. Se tiver 'recomendações', agradeço-lhe.

Até mais.
É isso.

M.A.