Paletas

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A JUSTIÇA BEM CEGA

Crônica publicada no dia 30 de Novembro no Jornal Já!

Quem mata é o bandido, o drogado,  o serial killer, os maníacos, os psicopatas e, agora, o promotor. Viu só? De tão poderosos, eles podem até vir impetuosamente a você e o atropelar com uma Ranger. Seu Wagner Juarez Grossi, de Araçatuba, que o diga! Já inaugurou essa nova onda de poderes dos representantes da Justiça! Por sinal, com uma Ranger muito bem carregada: uma caixa térmica cheia de cerveja - quer melhor companheira?

Equipado de um carro, de uma "loiraça", faltava só o "grand finalle". Na contramão, ("Masszzzz eu eszztou na mão zzzzcerta!") Grossi veio em alta velocidade e atingiu uma moto tripulada por 3 pessoas (um rapaz, sua namorada e o filho dela) feito um pino de boliche. O resultado? Três mortes. São só três mortes, "uma fatalidade que pode acontecer com qualquer um" - defende o advogado de Wagner, Dr. Edson Velho.

Bem, queriam os vários acusados de homicídio envolvendo carros serem tão arduamente penalizados como foi o promotor de Araçatuba. Esse sim está sofrendo. Cadeia? Nada! O xadrez é pouco para ele. Enquanto, em geral, réus alimentam-se mal, compartilham a mesma cela, Wagner Juarez sente na pele uma pena dolorosa, na qual o faz resgatar constantemente a crueldade cometida naquela noite. Ele não é mais promotor de Araçatuba. Agora, é de São Paulo (convenhamos: rigorosa a pena, hein?).

Coitado. Não era para tanto também! Compaixão à parte (faz-me rir), a luz dos fatos fazem clarear lados obscuros da Justiça brasileira. Para quem achava já ter visto de tudo, a vida sempre reserva algo mais inescrupuloso e excêntrico imaginável. Para se ter uma idéia, quem ia imaginar que  Justiça, toda pomposa, vendada por um pano, fosse mais cega do que parece? De fato, ela é cega, surda, muda e, ainda por cima, INJUSTA. 

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