Paletas

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O MENINO QUE CORRIA


Inspirado nos feitos de Bolt? Sim.

Muitos ainda lembram de quando ele era ainda menino, com o mesmo porte frazino que conserva até hoje, de pernas longas e demasiadamente finas. Tanto a magreza é a mesma quanto a velocidade que traz nas passadas. Desde pequeno, corria na sintonia de raios. Mesmo nas brincadeiras, era espantosa tamanha a rapidez de suas pernas infantis trabalhando no natural movimento da corrida. Grosso modo, os olhos perdiam a nitidez de seus pés miúdos durante uma mísera brincadeira de pega-pega.

Ligeiro era durante todo o dia. Precisou correr para tomar o ônibus e ir à escola. Antes, correu para escapar das chineladas da mãe, visto não parar de atormentar a irmã mais nova. Corria em busca dos primeiros lugares na fila da merenda. Sem esquecer, é claro, das vezes que também usava dessa habilidade com o fim de sempre vencer em praticamente todas provas cuja demanda era a velocidade.

Viram-no por aí esses dias mesmo. Os olhos ainda tinham exatamente o mesmo brilho travesso dos tempos de, ora fugir das chineladas da mãe, ora de conquistar o melhor lugar para o lanche. De diferente, só um pouco de barba, alguns centímetros a mais de altura e, dando um pouco mais de volume à magreza de outrora, um pouco de tônus muscular (não o suficiente para mascará-la, no entanto).

Crescido, agora vive de seu antigo divertimento: é velocista. Precisa correr, mais do que nunca, e conquistar o degrau mais alto do pódio. Suas pernas ditam o mesmo ritmo de extrema rapidez infantil, mas com o peso da responsabilidade em ganhar seu pão. De sorriso aberto no rosto, diz correr para comer – um belo de um trocadilho daquele cuja vida nunca tinha sido tão fácil. Quase já se indo, precisaram acompanhá-lo para ouvir suas últimas palavras. Dizia estar correndo para tomar o ônibus, das chineladas da mãe e para a merenda. Acenou e correu.

Um comentário:

Juliana Bragança disse...

Gostei bastante do seu texto! Bem legal! parabens
bjo