
Vossa Excelência, Ministro da Saúde, José Gomes Temporão,
A princípio, devo-lhe dizer que sou um jornalista em formação. Cá neste caso, um jornalista sem nome, pois não vejo propósitos em revelar minha identidade, ao menos que eu quisesse juntar mais um dissabor para a minha coleção das últimas semanas. Além do mais, é de minha predileção adiar constrangimentos precoces na carreira, cujo futuro – isto eu vos garanto – reservar-me-á muitos deles.
Voltemo-nos ao ponto. É com o peso de extrema responsabilidade que escrevo à vossa excelência (agora em minúsculo por não ser tão excelente assim). Por esta carta ter sido dirigida ao Ministério da Saúde, creio que suspeite sobre qual assunto arrolarei nestas breves linhas escritas às pressas. Tal a pressa para, quem sabe, fazer a correspondência chegar ao destino desejado antes que o vírus da gripe suína (Influenza A-H1N1) contamine mais um cidadão brasileiro – ops, falei!
Eis o tema de meu texto. Ei-lo aqui transmitido – fique claro que era a minha intenção – com o mesmo alarde e pânico quando exposto ao público. Para não dizer que despejo toda a culpa em vossas excelentíssimas costas, assumo, se me permite, como futuro integrante da mídia, parcela dela. Nós, mediadores da notícia – geralmente, quem a determina são vossa excelência e agregados -, exageramos nas doses de sensacionalismo. Isto implica em insegurança generalizada e medidas descabidas.
Essas condutas de dois pesos são também cruciais na ladainha proferida por mim à vossa excelência. Como estudante, estou decepcionado. As aulas suspensas causarão atrasos em todo o calendário, incluindo em datas de provas, trabalhos e em toda a bagagem teórica reservada para o segundo semestre. Sem contar com minha situação agravada, por conta de ter optado pela carreira de jornalismo, profissão injustiçada pela não obrigatoriedade de diploma – fácil?
Não venho eu por meio desta expôr-vos problemas pessoais. Sou porta voz de cerca de 85 mil estudantes em recesso escolar. Não obstante certo número de satisfeitos com o prolongamento das férias, alguns , como eu, estão encolerizados com a providência tomada. Entretanto, com todo o respeito à vossa excelência, são em momentos como esse que se transparecem os fatores mediante os quais nos situam nas condições sócio-econômicas atuais. Depois exigem mais da educação brasileira??? Diga-me como, se nem às aulas os alunos são motivados a ir? Obviamente, é profilática a medida tomada pelo Ministério ao tentar evitar contatos que provocam a irradiação da gripe; no entanto, até onde sei, a transmissão se dá também nas ruas, lojas, empresas... Lamento em dizer: a gripe suína não é somente ESTUDANTIL.
Por fim, excelentíssimo José Gomes Temporão, deixo-vos um recado um tanto revoltoso, mas fundado em argumentos plausíveis.
Ademais, ficam aqui meus comprimentos e agradecimentos, à distância, por favor (é bom sempre prevenir o contato, não é?) pela oportunidade em vos escrever.
Saudações.
Jornalista sem nome.
3 comentários:
é a mais pura verdade..o futebol ninguém suspende.
Além de escrever super bem até reportagem foi feita! Parabéns!
arrasou mesmo! o/
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