Paletas

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

REVEILLON EM 4 RODAS

Crônica publicada no dia 4 de Janeiro de 2009 no jornal Já!.




Estive eu pensando em que fim levaria o meu Reveillon. Queria inovar um pouco, porque estava farto de festas monótonas de fim de ano na casa do tio Nelson, nas quais rolavam jogos eletrizantes de tômbola à luz dos fogos de artifício vivos no céu e muita gritaria da vizinhança. Só de lembrar fico entediado. Então, impetuosamente, fiz o seguinte: empacotei as tralhas, coloquei a criançada e a esposa no carro e pus o pé na estrada. LITORAL, AÍ VAMOS NÓS!

A decisão soou bem. O sorriso estava estampado nos rostos dos filhos; minha mulher, animada, conversava o tempo todo e esbanjava otimismo. Tão contente estava Susana que chegou até me ajudar a pegar as moedinhas na hora dos pedágios. É mole? Desta vez, acertei! Ainda por cima, os planos não só agradaram a turma de casa como também coincidiram com uma semana de sol escaldante. Mais pontos a meu favor.

Nas mil maravilhas, as primeiras horas da viagem foram imperceptíveis. Os meninos dormiam no banco detrás. Minha mulher encantava-se com partes de uma paisagem heterogênea perseguidora. E eu dirigia rumo ao que seria o melhor Reveillon dos últimos anos, desfrutando os pensamentos de um Ano Novo poupado de fofocas das tias, carteados, bingos e conversas senis – digo senis, pois não sou tão velho assim.

Lá pelos tantos Km rodados, os luminosos suspensos sobre a pista adiantavam um congestionamento nos próximos instantes. Despreocupei-me, já que engarrafamentos são típicos da data, inclusive quando os destinos são as praias em feriados tão quentes. O intervalo entre o aviso e o início da balbúrdia foi insignificante (não mais do que um instante). Os carros jaziam logo à frente.

Estagnado ali, os primeiros minutos não foram motivo para acabar com meu otimismo. Afinal, seria apenas um tempinho. Vários tempinhos passaram. A situação passou do sus para o insustentável. Não bastassem os carros jazidos, os tripulantes reclamavam sem cessar. No horizonte, apenas um mar: de automóveis.

Os carros começaram a se locomover, em marcha lenta, quase fúnebre. Assim como o dia, que sumiu, a noite caiu e o meio dela chegou. Os veículos, todos com portas fechadas, e seus ocupantes, todos com bocas abertas, matando a fome que os matava. Depois, barrigas cheias e carros vazios: todo mundo espalhado pelas pistas, degustando um amargo champanhe choco, oco, pouco.

Ao invés dos fogos, alguns roncos de motores. A praia? Só na noite do dia seguinte. A areia disputava espaço com os restos da festa e perdia. Deu para chegar no mar, sentir nos dedos impregnados de asfalto a água salgada e perceber que era hora de voltar. Meu Reveillon? Tem tômbola aí?

2 comentários:

Juliana Bragança disse...

por isso q eh bom morar na praia! nao pega congestionamento, pode ir a peh! ahuiahaiuh
bjos

Fábio P. Giraldini disse...

Caramba... hauhauhaua eu cheguei a tempo, e saí de sampa 3 da tarde do dia 31! Mas enquanto a tão grandiosa rodoanel não fica pronta, é isso aí mesmo! Abraço e um ótimo ano novo!